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Afinal o que o cigano quer?

Tadeu Franco

Revista Mundaréu 16 de março 2025

Tadeu Franco

Tadeu Franco é cantor, compositor e violonista, com uma voz e estilo que o conectam profundamente ao movimento Clube da Esquina. Em 1982, participou do álbum Ânima de Milton Nascimento, interpretando a faixa "Comunhão" ao lado de Milton e da cantora Simone. Seu disco de estreia, Cativante (1984), teve produção e direção de Milton Nascimento, com arranjos de Wagner Tiso e Túlio Mourão. A musicalidade de Tadeu, com seu timbre único e a sutileza de suas composições, se entrelaça com as raízes do movimento que marcou a música brasileira.

Afinal, o que o cigano quer? Ir ao fim do mundo e depois voltar, porque o seu futuro está no passado.

 

A caravana exul ainda está na estrada. A brava gente cigana ainda está por aí. A procissão dos desterrados vive de sobreviver. A Bíblia tem sido usada por essa gente para justificar sua origem. E Caim gerou Henoc, que gerou Irad, que gerou Maviavel, que gerou Matusael, que gerou Lamec. Este, com Ada, gerou Jabel, que foi pai dos moradores de tendas e dos pastores. Com a outra esposa, Sela, gerou Tubalcaim, que manejou o martelo e foi artífice em toda qualidade de obras de cobre e ferro.

Uns dizem que vieram do Egito, pois faziam joias para o faraó; por isso também são chamados egipsíacos ou faraonos.

 

Etnólogos e antropólogos reforçam a teoria de que a Índia seria a terra de origem, pelo modo de vida, a capacidade espiritual (superstições de signos ocultos e cabalísticos), trajes, ofícios (músicos, ferreiros e adivinhos) e a semelhança com nômades do noroeste da Índia, os laubadies.

Na Grécia medieval, eram chamados atkinganos e, na atualidade, tsinganos, nome de uma seita de músicos e adivinhos (atkingani).

Diz a lenda que o clero justificava o destino cigano por eles terem feito os cravos da crucificação de Cristo. Eles se defendem contando que um cigano deu sumiço no pior cravo, o que deveria ser pregado na testa. Jesus então sussurrou-lhe:


— Sigam seu destino, você e seu povo.


*Com referências ao livro "Os ciganos ainda estão na estrada", de Cristina da Costa Pereira (Editora Rocco)

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