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Documentário resgata a vida monástica de Olinda e convida o público a um olhar além do carnaval

OLINDA SACRA

revela o lado menos conhecido da cidade além do carnaval

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Olinda, cidade reconhecida por seu carnaval e por seu patrimônio barroco, ganha um novo registro audiovisual com o documentário "Olinda Sacra – Um Olhar Mineiro sobre Olinda", dirigido por Paulo Rogério Lage. O filme será lançado no dia 12 de março, às 20h, no adro do Mosteiro de São Bento, como parte das comemorações pelos 490 anos da cidade.

O documentário propõe uma imersão na espiritualidade e no cotidiano das ordens religiosas de Olinda, explorando a cidade a partir dos ritos diários dos mosteiros e conventos. O filme começa com as Laudes, orações matinais dos monges beneditinos, percorre as ruas e igrejas ao longo do dia e se encerra com as Vésperas, as orações vespertinas entoadas pelas freiras beneditinas da Misericórdia. O percurso traduz um olhar contemplativo sobre a cidade, destacando a vida religiosa que se mantém presente ao longo do ano, ainda que ofuscada pela efervescência carnavalesca.

A importância da construção visual do documentário é ressaltada pelo trabalho de Toinho Melcop (fotografia) e Nilton Pereira (cinegrafia), cuja sensibilidade foi fundamental para capturar a essência das imagens e criar uma narrativa visual que respeita os ritmos da cidade e dos espaços monásticos. "A fotografia e o enquadramento de cada cena foram pensados para transmitir a experiência da fé e da contemplação", destaca o diretor.

"O que eu queria era começar o dia com os monges, passar o dia em Olinda e terminar nas Vésperas com as irmãs", explica Paulo Rogério Lage, que dirigiu e roteirizou o documentário. Mineiro, economista de formação, mas um apaixonado por história e cultura, ele ressalta que sempre esteve mais próximo das artes do que dos números. "Eu sou naturalmente arquiteto, não sou economista. Gosto de história", conta. Sua trajetória inclui trabalhos com Grupo Corpo, Milton Nascimento e Alceu Valença, além de projetos culturais em diversas cidades do Brasil e do exterior.

A proposta do filme surgiu da vontade de apresentar Olinda por uma perspectiva diferente, menos explorada. "Olinda tem um lado que não é dado valor", afirma o diretor, referindo-se à vida monástica e religiosa da cidade. Para ele, o documentário é um convite para que os espectadores descubram esse aspecto da cidade e compreendam sua relação com o cotidiano dos religiosos e com o próprio patrimônio histórico.

Acesso a espaços restritos e uma trilha sonora que dialoga com a cidade

A equipe do filme teve acesso exclusivo a espaços tradicionalmente fechados ao público, como as clausuras do Mosteiro de São Bento, do Convento do Carmo e do Convento de São Francisco. O trabalho contou com o apoio de líderes religiosos, entre eles Dom Luiz Soares, abade do Mosteiro de São Bento, Frei Marconi Lins, superior do Convento de São Francisco, e Frei Alberto Bezerra da Costa, reitor do Convento do Carmo.

A trilha sonora reflete o diálogo entre o sagrado e a identidade cultural da cidade. As Laudes e as Vésperas foram gravadas ao vivo, trazendo o canto dos monges e das freiras. O filme também incorpora a canção "Galho Seco", composta pelo pernambucano Jacaré, cuja melodia acompanha o caminhar do diretor por Olinda há anos. "Eu ouvi essa música pela primeira vez nos Quatro Cantos e precisei bater na porta de onde vinha o som para saber o que era", lembra Lage. Além dela, o documentário traz o "Baião Barroco", de Juarez Moreira, que une elementos do barroco mineiro e da tradição musical nordestina.

Reflexão sobre fé e diversidade religiosa.

Ao retratar a rotina monástica, o documentário também propõe uma discussão sobre a convivência entre diferentes crenças. "Qualquer que seja a religião, na hora que você se deixa enlevar, você consegue ter harmonia", reflete o diretor. O filme destaca a relação de Olinda com a espiritualidade e sugere um olhar além do calendário festivo. "Olinda faz todo o marketing dela em cima do carnaval, mas ainda tem uma vida religiosa importante", observa.

Exibição e expectativas

A estreia no Mosteiro de São Bento reforça o caráter simbólico do documentário e a conexão entre a cidade e sua herança espiritual. O evento será gratuito e aberto ao público, permitindo que moradores e visitantes conheçam uma Olinda diferente, marcada por suas igrejas, mosteiros e ritos diários que permanecem vivos ao longo dos séculos.

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