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Ano 2 | Abril de 2025
Vitralistas renomados restauram obra de Gianfranco Cerri para o Vila Galé Ouro Preto
Texto e fotos: Victor Stutz
Revista Mundaréu, 28 março 2025
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O Vila Galé Ouro Preto, que será inaugurado em maio de 2025, recuperou antigos vitrais do mestre italiano Gianfranco Cerri. São três painéis que retratam a Santa Ceia, obra encomendada pela Congregação Salesiana em 1974, quando o edifício que hoje abriga a nova unidade da rede portuguesa de hotéis, a primeira em Minas Gerais, sediava o renomado Colégio Dom Bosco.
Para preservar essas peças, a administração do Vila Galé trouxe a Ouro Preto três conceituados vitralistas: Fernando Felicíssimo e a dupla Mônica Fonseca e Ruy Garcia, do Galpão Arte Mosaico, espaço dedicado à execução de projetos em mosaico e vitrais. Os trabalhos de revitalização da obra de Gianfranco começaram no domingo, 13 de março, e foram concluídos nesta sexta-feira, 28 de março.
Segundo Mônica Fonseca, os painéis estavam empilhados, muito danificados e cobertos por uma camada de 51 anos de sujeira. Fernando explica como foi o processo: “Depois de limpos, colamos uma chapa de policarbonato de 6 milímetros na parte de trás dos vitrais. Feito isso , cuidamos de acertar algumas regiões mais afetadas com resina de poliéster e, em seguida, aplicamos sobre os vitrais uma camada de resina epóxi, para embutir e perpetuar a linda obra.”, detalha o vitralista.
Fernando, que atuou como aprendiz de Gianfranco em 1975, explica que os vitrais foram produzidos com uma técnica exclusiva desenvolvida pelo próprio mestre italiano: “Nos vitrais que recuperamos no Vila Galé Ouro Preto, Franco usou um método próprio, cortou pequenos pedaços de um metal especial, dobrando-os com alicate e colando-os até formar o desenho completo. Era um processo extremamente artesanal, e os detalhes foram muito bem elaborados.”
Ainda como aprendiz, em 1977, Fernando Felicíssimo acompanhou Cerri na fase final de seus trabalhos no Santuário Dom Bosco, um projeto modernista do arquiteto Carlos Alberto Naves. Considerado uma das Sete Maravilhas do Patrimônio Cultural de Brasília, o monumento abriga diversas obras do mestre italiano, incluindo as portas em bronze, o painel da pia batismal e a pintura em acrílico no sacrário. As portas do santuário, fundidas em bronze e representando cenas da vida de Dom Bosco, possuem 40 cm de largura e levaram 10 anos para serem concluídas. Na época, Fernando contribuiu especialmente para a colocação do sacrário.

Ruy Garcia, Mônica Fonseca, do Galpão Arte Mosaico; Eduardo Silva, gerente-geral do Vila Galé Ouro Preto; e Fernando Felicíssimo, mestre vitralista que, hoje, mantém seu ateliê em Santa Cruz, ES
Eduardo Silva, gerente-geral do Vila Galé Ouro Preto, comentou sobre a situação dos vitrais antes e depois da intervenção: “Os painéis estavam muito degradados e tivemos dificuldade até de transportá-los. Mas, graças ao trabalho dos especialistas, estão agora em excelente estado. Nosso objetivo é preservar o patrimônio que já existia no edifício, e vários elementos históricos presentes no imóvel estão sendo recuperados.”
O Vila Galé Ouro Preto é a primeira unidade da rede em Minas Gerais e segue o conceito da marca Vila Galé Collection, que oferece hotéis exclusivos e sofisticados, instalados em locais de grande valor cultural e paisagístico, com ambientação temática.
Segundo o gerente-geral Eduardo Silva, a edificação passou por um minucioso processo de restauração para aliar conforto moderno ao charme de sua história. A decoração contará com painéis alusivos à região, pedras preciosas e referências a personalidades históricas. O projeto inclui ainda a criação de dois memoriais em homenagem às instituições que ocuparam o prédio: o Regimento Regular de Cavalaria de Minas (1775), berço da Polícia Militar de Minas Gerais, e o Colégio Dom Bosco, da Congregação Salesiana. Para este último, está sendo produzido um vitral especial, criado por Fernando Felicíssimo em parceria com Mônica Fonseca e Ruy Garcia, do Galpão Arte Mosaico.
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Gianfranco Cerri - Nasceu em Pisa, Itália, 1928. Muralista, ceramista, pintor, fotógrafo e restaurador, iniciou sua trajetória no ateliê do pai, trabalhando com fotografia, cinema e restauração. Estabeleceu-se em Belo Horizonte em 1951, onde recebeu o Prêmio Medalha de Ouro em Fotografia. Executou murais e restaurações em importantes espaços, como a Via Sacra da Basílica de São José, em Barbacena, e a Catedral de Juiz de Fora. Restaurou painéis de Portinari na Igreja São Francisco e no PIC, em Belo Horizonte. Criou murais para o Mineirão, a Capela da Fundação Israel Pinheiro e a UFMG. Expôs suas obras em diversas galerias, consolidando sua relevância artística. Faleceu em 2008, e Belo Horizonte, MG.
Sobre a Rede Vila Galé
O primeiro hotel do Vila Galé foi inaugurado em 1988, na praia da Galé, no Algarve, Portugal. Com o sucesso dessa unidade, o grupo expandiu-se, abrindo outros quatro hotéis, e, no início dos anos 2000, atravessou o oceano para o Brasil, com a abertura de uma unidade em Fortaleza.
No mesmo período, o grupo lançou um novo segmento de hotelaria em Portugal, com o Vila Galé Alentejo Vineyards & Olive, em Beja, que marcou sua entrada na produção de vinhos e azeites por meio da marca Santa Vitória, que comercializa produtos típicos do Alentejo desde 2002.
Entre 2002 e 2020, inaugurou outras 19 unidades em três países: 12 unidades em Portugal, 6 no Brasil e 1 em Cuba.
Em 2024, o grupo chegou à Espanha com a abertura do Vila Galé Isla Canela, em Huelva, e, no mesmo ano, em Portugal, lançou o Vila Galé Collection Figueira da Foz, um hotel de luxo instalado em um edifício histórico à beira-mar.
Em vias de completar 40 anos, em 2026, o Vila Galé é considerado o segundo maior grupo hoteleiro português. Ao todo, são 45 unidades espalhadas pelo mundo: 32 em Portugal, 11 no Brasil, uma em Cuba e outra na Espanha.
Com a recente inauguração de mais uma unidade no Brasil, a primeira em Minas Gerais, em Ouro Preto, o Vila Galé passa a administrar, ao todo, cerca de 10 mil quartos, 25 mil camas e mais de 5 mil funcionários.

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Ruy, Fernando, Mônica e Victor (Revista Mundaréu) em frente à portada do Vila Galé Collection Ouro Preto, escultura atribuída a Antônio Francisco Liboa, o Aleijadinho


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